Ó alma lírica da doce Lisboa,
Que nos conduz ao ócio e nos abençoa,
Tal como a proa de um barco a flutuar,
Nos ventos suaves que vêm do Tejo,
E nas águas que descem do Alentejo,
Encontro de rios que adoçam o mar.
Que doce harmonia, que dança de brisas,
Misturam-se aromas e suaves delícias:
No Rossio, os festins de sabor e de arte,
Do bacalhau grelhado ao vinho verde,
E os pastéis de Belém — requinte abundante,
Um sonho que faz o paladar se encantar.
Do Jardim Amália ao Marquês de Pombal,
A Praça da Liberdade, tão monumental,
Do alto da Santa Justa, ao Chiado ascendo,
Com vistas que fazem o coração tremendo.
E na Augusta desço, onde o Tejo reluz,
Guiando-me aos tempos de outrora e sua luz.
Ó Lisboa, poema bordado em calçadas,
Teus monumentos sussurram as jornadas.
De um povo que ao mundo ousou se lançar.
És fado, és história, és eterna saudade,
Lisboa do Tejo, contemplada do castelo,
Nos braços do tempo, sempre a nos inspirar.
Por Walter Figueiredo Agosto/2000