Eco das Palavras
Valores Eternos
Capa Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livro de Visitas Contato Links
Textos

A Vingança do Quibe

 

Bom dia! Que figuraça esse Fanfarrão, hein? A resenha na sauna é imperdível com essas histórias! "A fumaça da sauna é o palco sagrado das nossas resenhas". Ali, entre vapores e verdades convenientemente esquecidas, a hilaridade corre solta, um verdadeiro detox de risadas para a alma.

 

Consagrado unanimemente como o "Comilão Mor" da nossa irmandade, o Fanfarrão tem o dom de transformar cada refeição numa epopeia pantagruélica. Se você come pouco? Ah, meu amigo, ele vai atacar o seu como se o mundo fosse acabar na próxima garfada! Dividir o prato com ele é como tentar apartar briga de pitbull faminto – perda total garantida. Se você vacilar, ele abocanha sua porção com a mesma naturalidade com que respira.

 

Tudo começou numa sexta-feira abençoada, quando a confraria se reuniu num renomado restaurante da cidade para um banquete de frutos do mar com open bar e um desfile de sobremesas de dar água na boca. E lá foi o Fanfarrão, fiel ao seu apelido, detonando o cardápio como se não houvesse amanhã. Camarão, lagosta, ostra... tudo sumia num passe de mágica, acompanhado de um sorriso de orelha a orelha a cada mastigada triunfal.

 

A jornada gastronômica seguiu para Sampa, onde o fim de semana seria em família. E como um bom gourmet de fim de semana, a noite chegou anunciando a farra dos petiscos. Lá se foram coxinhas, bolinhas de queijo e, claro, o lendário quibe – item obrigatório na dieta do nosso herói. No sábado, um café da manhã colonial que faria inveja a um rei, seguido no almoço por um rodízio de churrasco que parecia não ter fim. E eu aqui me perguntava: como é que essa criatura não tinha ainda feito uma visita sequer à "sala de comando"? Nenhum "despacho" para aliviar o peso da nação gastronômica que ele carregava no estômago? Era um mistério!

 

A noite paulistana acendeu as luzes e, junto com elas, a fome colossal do Fanfarrão. E nada mais paulistano que uma pizza caprichada! Na pizzaria, ele se posiciona estrategicamente no centro da mesa, um verdadeiro maestro da gula. Depois de liquidar sua parte, seus olhos famintos varriam os arredores, farejando qualquer pedaço abandonado. Sem cerimônia alguma, ele resgata os sobreviventes e os transfere para o seu território. (Oh, céus! É um buraco negro!).

As horas avançaram e a comilança também. Chegou a hora de voltar para casa, e eu só conseguia imaginar o nível de "plenitude" que o Fanfarrão ostentava naquele momento.

O domingo nasceu e, com ele, a ressaca... de fome do Fanfarrão, que partiu para mais um café da manhã reforçado, digno de um lenhador faminto. (Como diria um certo profeta da TV: "Oh, Jesus! Essa criatura come! Parece que nasceu grudado num garfo").

 

A hora do almoço se aproximava, e o destino era a casa do sogro da sua filha. Ao chegar, a família reunida à mesa exibia sorrisos acolhedores, mas algo no semblante do Fanfarrão denunciava um princípio de catástrofe. Uma expressão de puro terror estampava sua face. Ele sentia algo indigesto, uma espécie de "quibe bumerangue" subindo perigosamente pelo esôfago, ameaçando explodir pela bochecha. O Fanfarrão se movia como um robô, um ciborgue engessado, cada passo calculado para evitar um desastre de proporções bíblicas. Qualquer movimento brusco e toda a obra-prima dos cozinheiros ali reunida poderia vazar como lava de um vulcão faminto.

 

Com um sorriso amarelo e um olhar vago, ele soltou a temida pergunta: "Onde fica o banheiro?". Apontaram para um canto, e o Fanfarrão arregalou os olhos, incrédulo. Aquilo não era um banheiro, era um palco! Um anfiteatro da intimidade! O lavabo dava de frente para a mesa, expondo o pobre Fanfarrão a uma plateia faminta por detalhes... e, inevitavelmente, pelos "efeitos especiais" sonoros e aromáticos que estavam por vir.

Pois é, amigos, ofereceram o "troninho da verdade" para o nosso amigo. Hahahaha! Queria ter estado lá para ver o suplício em close-up! Lá se foi o Fanfarrão, no seu passinho miudinho, quase em câmera lenta, rumo ao local fatídico. Abriu a porta com cuidados de um arqueólogo desenterrando um artefato raro, fez o sinal da cruz e murmurou um resignado: "Que seja feita a Sua vontade... e do meu intestino!".

 

Ao inspecionar o recinto, percebeu que a "louça sagrada" talvez não suportasse o impacto, tanto pelo volume quanto pela "densidade" da encomenda. Com manobras dignas de um contorcionista olímpico, conseguiu se posicionar. Mas o conforto era zero. O suor frio começou a brotar na testa, enquanto ele bolava uma estratégia para abafar os sons e os aromas que inevitavelmente se manifestariam. Missão impossível! Na primeira "sinfonia intestinal", com direito a variações tonais de dó menor a si bemol, o som ecoou pela sala como um trovão em dia de sol. Como aquele velho ditado: a diarreia dizendo para o pum: "Vai na frente buzinando que eu estou sem breque!". E foi exatamente assim: a primeira leva desceu com estrondo, carimbando a atmosfera ao redor. Sua filha, já íntima das "performances" paternas, não se conteve: "Que é isso, pai? Comeu um ET?". Naquele momento, o Fanfarrão só pensava: "Custava terem me oferecido a suíte master? Mais privacidade, mais espaço... e, principalmente, mais distância dos ouvidos e narizes alheios!". Cá entre nós, acho que fizeram uma maldade com o Fanfarrão.

 

De repente, mais um estrondo! E desceu o complemento da "obra", preenchendo artisticamente toda a área interna do vaso. O próprio Fanfarrão já não suportava o "bouquet" que tomava conta do ambiente. A cada "despejo", uma descarga desesperada era acionada, na vã tentativa de minimizar o estrago olfativo, já que o estrondo era inevitável. A cada "nota musical" mais alta, sua filha disparava: "Pai, o que você comeu? Um morcego assado? Já desencarnou? Ainda tem corpo aí?" Porque a alma já passou por aqui. Era uma luta inglória contra a natureza, com a descarga implorando por um descanso enquanto a caixa d'água agonizava para encher.

 

Depois de uma eternidade de "alívios" e descargas, o Fanfarrão, com a discrição de um agente secreto, esperou a família se distrair e saiu de fininho, quase flutuando, como se voltasse de uma experiência transcendental. Com a maior naturalidade do mundo, soltou um "Ufa!" teatral e disse: "Vocês viram a alma que passou por aqui? Como um humilde ministro da eucaristia, tive que exercer meu dom de exorcismo! Consegui expulsar o demônio daquele espírito de porco que estava ali dentro me atormentando!".

 

É, meus amigos, isso nos prova que nem o mais delicioso dos banquetes escapa das leis da natureza. E que, às vezes, o banheiro alheio pode ser o palco de um stand-up comedy involuntário e inesquecível!"

 

Cuidado boquinha o que come...

WALTER FIGUEIREDO
Enviado por WALTER FIGUEIREDO em 17/05/2025
Alterado em 20/05/2025
Copyright © 2025. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.
Comentários

Capa Textos Áudios E-books Fotos Perfil Livro de Visitas Contato Links